
Em fração de minutos a fervorosa
população põe-se a correr atrás
de um negro enorme que se precipitou para dentro de um matagal. Entre brados de indignação e lágrimas de dor, a piedosa população comentava o ocorrido e pedia clemência ao Céu, pressentindo que algum castigo se abateria sobre a região.
de um negro enorme que se precipitou para dentro de um matagal. Entre brados de indignação e lágrimas de dor, a piedosa população comentava o ocorrido e pedia clemência ao Céu, pressentindo que algum castigo se abateria sobre a região.
O fugitivo era um feiticeiro que,
tendo-se confessado no dia anterior, aproximou-se da Sagrada Mesa para receber
o Corpo do Senhor. Tão logo a Hóstia tocou em sua língua ele A retirou,
escondendo-a nas dobras de sua camisa. Percebido o fato por alguns fiéis, o
infeliz pegou a Sagrada Partícula e saiu em desabalada carreira para praticar
talvez mais um tenebroso culto satânico.
"Deus vai nos castigar!"
gritavam muitos, enquanto todos procuravam punir o sacrílego. Mas onde
encontrá-lo naquele matagal? O povo perseguiu-o, mas com seu passo rápido, o
negro fugiu desaparecendo para sempre. E de Nosso Senhor Jesus Cristo o que foi
feito? Perguntavam os fiéis, ardendo em fogo eucarístico. A resposta não se fez
tardar. Dias depois, numa ensolarada manhã, um velho pastor tangia suas ovelhas
entre juazeiros quando notou, curioso, que estas se ajoelharam em círculo em
torno de um ponto.
Aproximou-se. Eis que percebe,
pairando no ar sobre um capinzal, a Sagrada Hóstia com as ovelhas
"montando guarda ao Cordeiro de Deus que tira os pecados do mundo".
Com propriedade de expressão e senso poético lembra uma cronista* do fato que
Jesus Cristo pairava sobre aquelas serranias como outrora sobre as águas do mar
da Galiléia. A Sagrada Partícula resistira ao calor, às intempéries e se
conservava de tal modo perfeito em sua alvura, que as mãos sacrílegas não A
puderam profanar.
" Seu vigário, encontrei Nosso
Senhor! Mas como sei que só Vosmecê pode pegar nEle, não trouxe a Hóstia. Vamos
depressa, os carneiros ficaram botando sentido!"
Nessa singeleza de linguagem, que
exprime tanta fé, o piedoso pastor relatou o ocorrido, e o Vigário, à testa de
todo o povo, recolheu a Sagrada Partícula numa custódia de ouro. Sob o pálio de
seda e entre o dobrar dos sinos e cânticos de alegria, recolheram o Divino
Hóspede à sua Casa.
Dizia e ainda hoje diz o povo de
Sousa, que naquele cortejo de adoração a Jesus Eucarístico também iam as
ovelhas e cordeiros acompanhando, até chegarem a Igreja da Senhora dos
Remédios. E todas as vezes que o sino tocava, o rebanho, que estava pastando no
campo, se encaminhava para o pátio da Matriz.
Embora os campos tenham sido
cercados, e os rebanhos diminuídos, este sinal de Deus continua se manifestando
através dos homens e também dos animais.
Depois de tantos anos, um vigário da
paróquia, que escreveu um livro sobre o referido milagre**, relata que foi
testemunha ocular do seguinte fato: um rebanho de ovelhas e cordeiros subiram
balindo, rodearam e bafejaram os escombros da velha Matriz do Bom Jesus, em
fase de demolição. Ele completa afirmando que esse sinal extraordinário ocorreu
no dia 20 de novembro de 1972, às 5 horas da manhã, quando se preparava para
celebrar o Santo Sacrifício da Missa.
Entre as lições que de tão belo fato
podem-se tirar, destaca-se a de como a Providência Divina é pródiga em premiar
um povo cheio de fé.
*Julieta Pordeus Gadelha, "Antes
que ninguém conte", A União Editora, 1986.** Padre Dagmar Nobre de
Almeida, "Um milagre", Sousa, 1990.
Autor do Artigo: Geraldo
MartinsFonte: Revista "Catolicismo" Nº 530, fevereiro/95.
Enviado por: Suely Rodrigues da Silva
Almeida.
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