Pela graça de
Deus, tive um verdadeiro pai. Ponho aqui toda a força da palavra ‘Verdadeiro’.
Meu pai não era um homem sem falhas, fragilidades e erros. Não. Mas foi sempre
um verdadeiro pai. Era muito bom, trabalhador, honesto e temente a Deus, mas
não tinha prática religiosa.
Tanto é assim que, quando fiz
a primeira comunhão, eu pai não foi e eu não estranhei.
Tanto é assim que, quando fiz
a primeira comunhão, eu pai não foi e eu não estranhei.
Mas Deus tem
seus caminhos para nos chamar de volta. Foi exatamente isso que aconteceu com
meu pai no dia em que foi me levar ao Seminário Salesiano em Lavrinhas (SP), em
3 de setembro de 1949. Naquela época, eu tinha apenas 12 anos e viajamos o dia
inteiro. Saímos às 5 horas da manhã e fomos chegar à tarde na idade. Ele ficou
comigo o restante do dia. Na manhã seguinte, tivemos missa no seminário e meu
pai participou. Eram poucas pessoas na igreja e fiquei atento para sua
expressão de fé, na fila da eucaristia. Senti uma imensa felicidade ao ver meu
pai ir comungar. Parecia ser um gesto de assentimento à minha vocação
sacerdotal. Meu pai, homem simples, digno, um exemplo de luta, de dedicação,
estava ali, aprovando mais uma vez minha decisão de entregar a vida e essa
linda causa de ser sacerdote do Senhor.
Depois da missa,
estava curioso para saber o que o tinha levado à mesa da comunhão naquela manhã
de domingo. Nem precisei perguntar, ele foi logo dizendo: “Meu filho, entre uma
missa e outra, fui à igreja vi que tinha padre lá, para confessar e me
confessei. Fiz uma boa confissão e já comunguei nesta missa”. Eu tinha visto e
foi lindo. Daquele dia em diante, papai nunca mais perdeu a missa. Pelo
contrário, quem movia a família toda em casa era ele. Como pedreiro, ajudou a
construir a igreja da Vila Nova Cachoeirinha, em São Paulo-SP, cuja padroeira é
nossa Senhora das Graças.
Tudo isso
aconteceu porque tive a graça de deixar minha casa, minha família. Não foi
fácil para mim e nem para eles. Mas sou testemunha de que Jesus veio e ocupou o
meu lugar. Ele começou trazendo meu pai de volta para a Igreja. Nós trazemos a
raça da ressurreição para nossas famílias quando fazemos a vontade de Deus, por
mais difícil que seja.
As vocações são
diferentes: uns saem para seguir o chamado de Deus. Outros ficam para realizar
a missão que Deus lhes confia. Minha vocação foi sair de casa para enfrentar o
seminário e hoje ser padre. Mas se a sua vocação é ficar na sua casa como pai e
mãe de família, você precisa realizá-la e bem. O Senhor cumpre Suas promessas.
Agradeço por aquilo que Deus fez a partir do meu “sim”. Seja fiel ao que Deus
lhe pede, com certeza, Ele também será fiel.
Monsenhor Jonas Abib
Fundador da Comunidade Canção Nova
www.twitter.com/padrejonasabib
www.padrejonas.com
Fonte: Revista Canção Nova, Agosto de 2013.
0 comentários :
Postar um comentário